Crise Geopolítica nas Américas: Venezuela Alertas para “Luta Armada” diante de Pressão Militar dos EUA

Internacional

Em um cenário de tensão crescente, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou publicamente os Estados Unidos de direcionarem uma frota militar com 1.200 mísseis contra seu país e prometeu responder com “luta armada” em caso de agressão. A declaração, feita durante entrevista coletiva em Caracas nesta segunda-feira (1º/09), marca o ápice de uma crise diplomática que se intensifica desde agosto, quando o governo Trump enviou navios de guerra ao Caribe sob o pretexto de combater cartéis de drogas 15.


A Mobilização Militar Norte-Americana

A frota dos EUA inclui oito embarcações, entre elas sete navios de guerra (como o USS Iwo Jima e o USS San Antonio), um submarino nuclear de ataque e aviões espiões P-8 Poseidon. Oficialmente, a operação visa combater o narcotráfico, mas analistas destacam que o poderio mobilizado – incluindo 4.500 militares e mísseis de alta precisão – é desproporcional para essa finalidade, sugerindo preparativos para uma intervenção militar mais ampla 126.

A Casa Branca, por meio de sua porta-voz Karoline Leavitt, evitou detalhar objetivos estratégicos, mas afirmou que usará “toda a força” contra Maduro, a quem classifica como “líder de organização narcoterrorista” e fugitivo da Justiça norte-americana, com uma recompensa de US$ 50 milhões por sua captura 14.


A Resposta Venezuelana: Diplomacia e Preparação Bélica

Em reação à movimentação militar, Maduro mobilizou 4,5 milhões de milicianos – civis treinados para defesa territorial – e enviou 15.000 soldados à fronteira com a Colômbia. Além disso, o governo venezuelano recorreu à ONU, denunciando a presença da frota norte-americana como uma “grave ameaça à paz internacional” e violação do Tratado de Tlatelolco, que proíbe armas nucleares na América Latina 479.

Em discurso inflamado, Maduro caracterizou a crise como “a maior ameaça ao continente em um século” e alertou: “Se a Venezuela for agredida, passará imediatamente à luta armada em defesa do território nacional” 18. No entanto, ele deixou aberta a possibilidade de diálogo, mencionando dois canais de comunicação com Washington – ambos atualmente “prejudicados” pela escalada militar 59.


Interesses em Jogo: Petróleo, Narcotráfico ou Hegemonia?

Especialistas apontam que o conflito transcende a questão do narcotráfico. A Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo (302,3 bilhões de barris), e Trump já declarou em 2023 que, se tivesse vencido as eleições de 2020, teria “tomado” o país para controlar seu petróleo 12.

Além disso, a Venezuela mantém alianças estratégicas com Rússia, China e Irã – nações que reconheceram a reeleição de Maduro em 2024, apesar de questionamentos internacionais. Para Maurício Santoro, doutor em Ciência Política, uma intervenção dos EUA seria também uma mensagem a esses rivais geopolíticos: “Não se metam por aqui. A América Latina não é um lugar para vocês” 26.


Cenários Possíveis: Invasão, Bombardeio ou Pressão Diplomática?

Fontes da Casa Branca indicam que Trump solicitou um “menu de opções” para a Venezuela, que inclui desde ataques aéreos contra infraestrutura ligada ao narcotráfico até operações com drones contra líderes venezuelanos. Uma invasão terrestre, however, é considerada improvável devido aos custos políticos e humanitários 23.

Analistas como José Briceño Ruiz (CIALC/UNAM) acreditam em operações “cirúrgicas” para desmantelar supostas redes criminosas ou capturar autoridades-alvo. Já Gabriel Pastor (CERES/Uruguai) alerta que uma invasão direta seria comparável à intervenção dos EUA no Panamá em 1989 – um “Noriega do século XXI” 3.


Reações Internacionais e Divisões Regionais

A crise expõe fissuras na América Latina:

  • Apoio aos EUA: Argentina, Equador, Paraguai, Guiana e Trinidad e Tobago classificaram o Cartel de los Soles como organização terrorista 47.
  • Críticas à Intervenção: México e Colômbia condenaram a mobilização militar, defendendo a “autodeterminação dos povos” 69.

A ONU, até o momento, não se pronunciou sobre o apelo venezuelano, mas a comunidade internacional acompanha com preocupação o risco de um conflito armado em escala regional 47.


Conclusão: Um Jogo de Xadrez Geopolítico

A crise entre EUA e Venezuela combina elementos de disputa por recursos, guerra contra drogas e rivalidade global. Enquanto Maduro apela para a soberania nacional e mobiliza suas milícias, Trump sinaliza que não hesitará em usar força máxima – seja como dissuasão ou como ação real.

O desfecho dependerá de cálculos estratégicos em Washington e da capacidade de Caracas de garantir apoio interno e internacional. Em um cenário de altíssimo risco, a paz regional pende na balança 123.

*Fontes: G1, CNN Brasil, DW, Metrópoles, Brasil de Fato, UOL e Agência France-Presse.*

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *